Faço um convite.

 

Introduza o propósito da liberdade na educação de seus filhos.

Vamos compreender.

 

Comece se perguntando: Quanto tempo penso em que meu filho precisa de controle?

 

Veja.

 

É importante que seu filho seja disciplinado? Que faça direitinho seus deveres, que trate todos com respeito, que lave a louça, que tire boas notas. Use seu cotidiano e vá expandindo essa lista.

 

Eu estou aqui imaginando a hipótese de que tudo isto causa um certo conforto, um alívio, caso ocorra. E que, caso não esteja acontecendo desta maneira, que é algo a ser buscado, em alguma medida, para que esse alívio se concretize.

A impressão de que uma criança ou adolescente disciplinado passa é que está no caminho certo.

 

Permita uma reflexão.

 

Com toda a sinceridade, busque em sua memória pessoas que se sentem realizadas. Que gostam do trabalho que desempenham, que conseguiram prestígio e excelência em seus ofícios. Quantas destas pessoas contam suas histórias de vida reforçando o quanto foram disciplinadas na infância, submissas aos pais, trilhando um caminho reto, padrão, previsível?

 

Não quero negar a possibilidade de isto ser possível, mas sejamos realistas.

O desenvolvimento de um ser humano não é pautado somente pela retidão de seu comportamento. Arrisco dizer que, para a maioria das pessoas que sentem que se encontraram na vida, foram momentos de crise, de curvas, de encruzilhadas, de questionamentos, de confrontos, que ensinaram saberes fundamentais sobre a vida.

 

Nossa inteligência se desenvolve na potência das perguntas que fazemos. Quando queremos saber. Quando queremos interpretar o mundo ao nosso redor.

 

Assim como nossa criatividade nasce também desta força curiosa, do espaço necessário para que cresça em nós a força autêntica de nosso próprio ser.

 

Introduzir liberdade na educação dos nossos filhos significa acolher o que neles é mais natural, autêntico, único, espontâneo.

 

Quando seu filho te questiona, é a inteligência dele que está operando.

 

Quando ele quebra uma regra, procrastina um dever, direciona sua energia para outra atividade que não é a que você espera, é a criatividade que está aflorando.

 

Não espere que cada ação de seu filho esteja dotada de maturidade ou sentido. Em que momento nos esquecemos que nossos filhos estão percorrendo um caminho, e que nesse caminho existem muitas fontes de conhecimento, de aprendizado, de vivências que os tornam mais sábios?

 

Eles não estão prontos. Estão transitando, transformando.

 

Uma mente livre é mais desperta. É uma mente que pôde viver suas potências, suas curvas, suas linhas tortas, seus insights. Que conservou sua natureza curiosa de querer buscar saber. E que sente uma genuína vontade de criar, inventar, adentrar espaços desconhecidos.

 

Não é a disciplina que ensina este estado de Ser.

 

É a liberdade que garante que a natureza de cada um expresse o que é e pode ser.

Se você quer filhos inteligentes, criativos e com ampla capacidade de realização, introduza a liberdade na educação deles. Deixe que eles questionem. Que desenvolvam suas próprias ideias e tenham seus próprios valores para testar. Permita que experimentem o amargor do erro, da frustração. E a doçura dos prazeres. Abra espaço para que possam explorar a si mesmos e o mundo.

 

A liberdade é a guardiã da curiosidade, da criatividade e da inteligência. Ter filhos submissos é confortável por um tempo. Mas a realização plena de um Ser é a vida como obra de arte, perdura como legado de boas histórias para viver e contar.