Toda boa história apresenta um lugar onde somos convocados. A história nos põe para dentro dela. Sentimos esse arrebatamento em nosso âmago. Somos nós ali. Reconhecemos isto.

Um lugar que buscamos frequentar nessas histórias é o ponto de virada, a ressurreição, a resiliência. Seguimos os passos da história, com todos os seus desafios, aguardando o momento da virada, a reconquista.

Essa experiência é reconhecida por nós, pois vivemos isso. Desde pequeninos experimentamos o dissabor da frustração, do tombo, do medo. E consequentemente experimentamos a sensação de nos reerguemos, de conquistarmos a vitória, a coragem.

É certo que sonhamos com segurança e estabilidade. De algum modo buscamos isto. Nos parece um paraíso perdido, uma ideia de que tudo pode repousar em um estado de perfeição.

Da ideia ao sonho e no pouso do real, o que encontramos, o que vivemos, é a força que movimenta nossa vitalidade em busca de um tesouro qualquer. A paz, a plenitude, o paraíso estão ali no fim do caminho?

Devem estar em algum lugar, mas até chegarmos lá, vamos experimentando o real como ele se revela a nós. Vamos cair, vamos chorar, vamos sentir dor, raiva, frustração. E vamos nessa roda também encontrar amor, prazer, satisfação.

Polos que parecem se opor, mas que também revelam seu complemento. No ato de nos reerguemos, no momento em que levamos uma pancada e olhamos para a frente encontrando sentido no caminho, nesse pequeno e precioso instante, também temos um vislumbre do paraíso.

É esse momento que procuramos em uma boa história. E o que arrepia nosso corpo e alma. E é esse o momento em que aprendemos, na nossa própria lida, a ser quem somos. É uma jóia, um tesouro.